sábado, 11 de junho de 2011

Desencanto




Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . . 
Fecha o meu livro, se por agora 
Não tens motivo nenhum de pranto.


Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente, 
Cai, gota a gota, do coração.


E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre, 


Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.


Manuel Bandeira

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