domingo, 30 de janeiro de 2011

A beleza eterna...



Eu acreditei em meu coração

Em uma razão que é mais que emoção

Que é brilho dos céus

Que é mais que demais

A paz que nos traz

O que o amor é capaz


Deixa a luz entrar pela janela

E que a poesia seja aquela

O tema do nosso olhar
E que Deus dos céus dos dê agora

A beleza eterna que outrora

Que nunca pensávamos achar.

Catedral

Composição: Kim, Julio e Cesar

sábado, 29 de janeiro de 2011

Dizem?




Dizem?
Esquecem.
Não dizem ?
Disseram.
Fazem?
Fatal.
Não fazem?
Igual. Por quê
Esperar ?
Tudo é
Sonhar.

Fernando Pessoa

O que não se pode explicar...




Sobre o amor e o desamor, sobre a paixão
Sobre ficar, sobre desejar, como saber te amar?
Sobre querer, sobre entender, sem esquecer
Sobre a verdade e a ilusão
Quem afinal é você?
Quem de nós vai mostrar realmente o que quer?
Um coração nesse furacão, ilhado onde estiver.
O meu querer é complicado demais,
Quero o que não se pode explicar aos normais.
Sobre o porquê de tantos porquês,
E responder
Entre a razão e a emoção eu escolhi você!
Quem de nós vai mostrar realmente o que quer?
Um coração nesse furacão, ilhado onde estiver.
O meu querer é complicado demais,
Quero o que não se pode explicar aos normais.
Sobre o porquê de tantos porquês,
E responder
Entre a razão e a emoção eu escolhi você!

Kim - Banda Cadetral

Giz



E  mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer,
Quando convém
Aparecer ou quando quero.
Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, p’rá ser honesto,
Só um pouquinho infeliz.
Mas tudo bem
Tudo bem
Tudo bem
Lá vem lá vem lá vem
De novo:
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei.

Canta: Renato Russo

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Soy mujer



SOY MUJER 
Y TU ERES HOMBRE, 
Y LO REPITO 
SOY MUJER 
CON MUCHO ORGULHO E GRACIA. 
CON MUCHO RITMO, 
Y HAS DEVER 
QUE POR SER MUJER 
E TU HOMBRE... 
TE RESPETO 
Y ME RESPETAS, 
TE SIENTO 
Y ME SIENTES 
TE MIRO 
Y ME MIRAS, 
CON SENCILLEZ E DULZURA. 
CON DESEO Y AMOR 
CON PASION Y SENTIMENTO 
SOY MUJER 
Y POR ESO, 
RESPETANDO MI CUERPO 
CULTIVADO MI MENTE 
ELEVANDO MI ESPIRITU, 
TE RESPETO 
TE SIENTO 
TE MIRO Y 
TE AMO 
A TRAVES DE TU PIEL 
A TRAVÉS DE TU OJOS 
...TU BOCA Y TU SER... 

Desconheço o autor

Oh, mis ojos




Qué felicidad la mia 
matando la añoranza 
que nunca me mató. 

Qué sutileza siento 
viendo tanta belleza 
que todavía sobró. 

Esas deudas viejas 
que todo se paga 

¡y nada se borra! 

Qué cuerpo aun tan fuerte 
que venza a la muerte 
la vida es mi suerte. 

¡Ah, mis ojos!... 
con los que todo veo, 
y todo lo noto. 

Que bueno haber sido gente, 
un poco más que apenas prudente 
no solo un contestador, yo contesto el dolor. 

Pero a nadie detesto, 
por tener mucho 
Amor.


Celito Medeiros

Destrozada el alma




Por el amor vivido, 
por el amor soñado, 
cual ave que va perdida 
con las alas destrozadas. 

No puede volar, 
ni buscar nuevos senderos, 
solo va como va podiendo, 
destruida por todos sus quereres. 


Destrozada el alma 
vas perdida, pobre alma, 
sangrante herida en tu pecho, 
puñal clavado, 
hierro infame que desangras 
su pobre corazon. 


Herida mortal, no se 
si sanaras algun dia 
solo se que mi pobre alma 
va por el camino 
sin saber cual sera su destino, 
despues de tu traicion, 
pobre alma destrozada!!!!. 



Aurora Garcia

Ao desconcerto do Mundo

 
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
 
 Luís de Camões

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Detalhes naturais






Fotos: Queila Tavares

Fases



Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

Sonhos



Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Certezas



Não quero alguém que morra de amor por mim…
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…
E que esse momento será inesquecível..
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons
sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca
cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter
forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder
dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…
e que valeu a pena.


Mário Quintana

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Nietzsche

Ninguém pode construir em teu lugar 
as pontes que precisarás passar, 
para atravessar o rio da vida 
- ninguém, exceto tu, só tu. 
Existem, por certo, atalhos sem números, 
e pontes, e semideuses que se oferecerão 
para levar-te além do rio; 
mas isso te custaria a tua própria pessoa; 
tu te hipotecarias e te perderias. 
Existe no mundo um único caminho 
por onde só tu podes passar. 
Onde leva? Não perguntes, segue-o .

Nietzsche

sábado, 22 de janeiro de 2011

Apesar de tudo...



Apesar de tudo, continuamos amando, 
e este "apesar de tudo" cobre o infinito. 
Esta frase do filósofo Cioran expressa a extensão 
dos nossos obstáculos amorosos. 
Apesar de termos acreditado na eternidade dos nossos sentimentos 
e depois descobrirmos que nada mantém-se estável por muito tempo, 
continuamos amando. 
Apesar de termos sofrido noites inteiras por amores que não se 
concretizaram ou que foram vagos ou pueris, 
continuamos amando. 
Apesar de termos sido rejeitados, apesar de o nosso amor 
não ter sido suficiente para encantar o outro e fazê-lo permanecer ao nosso lado, 
continuamos amando. 
Apesar de todos os livros escritos, todas as sentenças filosóficas, 
todas as análises terapêuticas e todos os exemplos de paixões falidas, 
continuamos amando. 
Apesar de não termos mais 15 anos e estarmos numa idade 
em que os outros acreditam que o nosso coração envelheceu, 
continuamos amando. 
Apesar de a pessoa que a gente ama sentir por nós um amor de amigo, 
um amor fraterno, um amor camarada que nada faz lembrar 
o amor ardente que a gente deseja e sonha, 
continuamos amando. 
Apesar de a gente saber que o amor acaba, 
que o amor talvez nem seja pelo outro, 
mas apenas uma projeção do amor que a gente tem por nós mesmos, 
continuamos amando. 
Apesar da falta de grana, das desilusões com a política, 
do cansaço no final do dia, dos projetos que não foram adiante, 
do tempo que nos falta e do medo que nos sobra, 
continuamos amando. 
Apesar da chuva que não permite o passeio de mãos dadas, 
do espaço compartilhado que não permite privacidade, 
da desaprovação dos que nada têm a ver com o assunto, 
continuamos amando. 
Infinitamente, 
apesar de tudo e todos e apesar de nós mesmos, 
continuamos amando ... 


Martha Medeiros

Eu aprendi



Eu aprendi 
que a melhor sala de aula do mundo está aos pés 
de uma pessoa mais velha; 

Eu aprendi 
que ter uma criança adormecida nos braços 
é um dos momentos mais pacíficos do mundo; 

Eu aprendi 
que ser gentil é mais importante do que estar certo; 

Eu aprendi 
que nunca se deve negar um presente a uma criança; 

Eu aprendi 
que eu sempre posso fazer uma prece por alguém 
quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma; 

Eu aprendi 
que não importa quanta seriedade a vida exija de você, 
cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto; 

Eu aprendi 
que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar 
e um coração para nos entender; 

Eu aprendi 
que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão 
nas noites de verão quando eu era criança fizeram maravilhas 
para mim quando me tornei adulto; 

Eu aprendi 
que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos; 

Eu aprendi 
que dinheiro não compra "classe"; 

Eu aprendi 
que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular; 

Eu aprendi 
que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa 
que deseja ser apreciada, compreendida e amada; 

Eu aprendi 
que Deus não fez tudo num só dia; o que me faz pensar que eu possa ? 

Eu aprendi 
que ignorar os fatos não os altera; 

Eu aprendi 
que quando você planeja se nivelar com alguém, 
apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você; 

Eu aprendi 
que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas; 

Eu aprendi 
que a maneira mais facil para eu crescer como pessoa 
é me cercar de gente mais inteligente do que eu; 

Eu aprendi 
que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso; 

Eu aprendi 
que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa; 

Eu aprendi 
que a vida é dura, mas eu sou mais ainda; 

Eu aprendi 
que as oportunidades nunca são perdidas; 
alguém vai aproveitar as que você perdeu. 

Eu aprendi 
que quando o ancoradouro se torna amargo 
a felicidade vai aportar em outro lugar; 

Eu aprendi 
que devemos sempre ter palavras doces e gentis 
pois amanhã talvez tenhamos que engolí-las;

Eu aprendi 
que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência; 

Eu aprendi 
que não posso escolher como me sinto, 
mas posso escolher o que fazer a respeito; 

Eu aprendi 
que todos querem viver no topo da montanha, 
mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a; 

Eu aprendi 
que só se deve dar conselho em duas ocasiões: 
quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte; 

Eu aprendi 
Que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.

William Shakespeare

Madrid



Que saudade amor
Estou sabendo que ai na Espanha tudo é lindo
Você me deixou
E aqui dentro meu coração ficou partido
Nessa cidade, não vou mais sorrir
Que bom seria, se São Paulo fosse do lado de Madri

No puedo más mi corazón, ta doendo aqui na solidão
No puedo más vivir sin ti, volta logo pra São Paulo
Ou eu vou pra Madri
Que saudade amor
Volta logo pro hemisfério sul do mundo
Ficar sem você
Me mostrou o quanto é bom estarmos juntos
Sonho tão lindo é ter você aqui
Que bom seria, se São Paulo fosse do lado de Madrid

No puedo más mi corazón, ta doendo aqui na solidão
No puedo más vivir sin ti, volta logo pra São Paulo
Ou eu vou pra Madrid

Fernando e Sorocaba

Gostar é tão fácil ....


Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: 
aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. 
Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. 
Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender. 

Tenho visto muito amor por aí, Amores mesmo, bravios, gigantescos, 
descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva, 
mas esbarram na dificuldade de se tornar bonito. Apenas isso: bonitos, 
belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. 
Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras. 

Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais 
de repente se percebeu ameaçados apenas e tão somente 
porque não sabem ser bonitos: cobram; exigem; 
rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; 
necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; 
enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor. 
Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reinvindicar, 
de exigir justiça, equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez 
passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira. 
Ter razão é um perigo: 
em geral enfeia o amor, pois é invocado com justiça mas na hora errada. 
Amar bonito é saber a hora de ter razão. 

Ponha a mão na consciência. Você tem certeza que está fazendo o seu amor bonito? 
De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, 
da alegria do encontro, da dor do desencontro, a maior beleza possível? 
Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo 
que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, 
para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. 
Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. 
Sofrendo, deixa de ser alegre, igual criança. 
E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito. 

Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. 
Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama. 
Saia cantando e olhe alegre. 
Recomendam-se: encabulamentos; ser pego em flagrante gostando; 
não se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar a convivência com teorizações; 
adiar sempre, se possível com beijos, “aquela conversa importante que precisamos ter”, 
arquivar se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida. 
Para quem ama toda atenção é sempre pouca. 
Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda atenção possível. 
Quem ama bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter. 

Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida 
como criança de nariz encostado na vitrine, cheia de brinquedos dos nossos sonhos): 
não teorize sobre o amor, ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora. 

Não tenha mêdo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade; 
não dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; 
contar a verdade do tamanho do amor que sente. 

Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, 
atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge 
de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. 
Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteiras, 
mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no tempo 
do Natal infantil. Revivendo os carinhos que instruiu em criança. 
Sem medo de dizer, eu quero, eu gosto, eu estou com vontade. 

Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, 
ou bonitar fazendo seu amor, ou amar fazendo o seu amor bonito 
(a ordem das frases não altera o produto), 
sempre que ele seja a mais verdadeira expressão de tudo o que você é e nunca, 
deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser. 

Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. 
Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da forma. 
Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você. 
Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor 
e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz. 


Arthur da Távola

Despejo


Ah! ... poupa-me da tua insanidade, 
Mente doente, fraca e mentirosa! 
Afasta-te, palavra elogiosa, 
Por veneno concebida na maldade! 

Tu és um espinho disfarçado em rosa! 
Queres manchar a minha integridade, 
A mim trazendo falsa santidade, 
Com tua lisonja e fala pegajosa? 

Quero-te longe do meu pensamento! 
Quero habitar o teu esquecimento! 
Quero distância das tuas caras todas! 

Ah! ... poupa-me da tua insanidade! 
Vive tua escolha de infelicidade! 
Em outros termos: vai-te ... e que te fodas!


Silva Schmidt 

Eu não existo sem você


Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você


Vinícius de Moraes

Despedida


Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.

Cecília Meireles

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Clube do Livro


O Clube do Livro surgiu na necessidade de colocar a disposição da comunidade local um espaço para pesquisa e leitura. Levou a criação de um projeto para implantação de uma biblioteca que pudesse esta sempre a disposição de alunos e acadêmicos.  Entretanto, devido o crescimento do público no local, há necessidade de ampliação, porém no momento não dispõe de espaço ampliado ou recursos para a construção do prédio.

Foi fundado pelo escritor e jornalista Armando Lucena (escritor e jornalista), em 17/04/1993, com acervo tombado e montado com proximidade de 7.000  (hemeroteca e livros ) numa sala de uma residência, que era  uma biblioteca particular, foi aberto ao público para a comunidade na data de inauguração, cujo se deu um pequeno coquetel. Foi lançada uma campanha para conseguir mais livros, para atender a necessidade dos estudantes que procuravam o local. No local existe um pequeno cyber café, uma copiadora, para a confecção dos livros do Sr. Armando Lucena, a pequena biblioteca dispõe de livros em e-books no computador, para melhor visualização dos livros sem precisar o aluno tirar cópias ou danificá-los. A biblioteca hoje tem 6 computadores com leitor de e-books e internet, scanner, impressora a laser, copiadora e uma plastificadora antiga.


Atualmente a filha do escritor e fundador é responsável pela biblioteca, Janel Parga. O Clube do Livro, não tem apoio governamental e nem de ONG´s, subsistindo uma pequena taxa de  R$ 1,00 por aluno, para pagamento de serviços como internet, compra de material para expediente. A biblioteca é de livros usados, aceitando sempre doações, depois de que a biblioteca ficou 3 anos fechada, foram extraviados 1.350 livros por cupim, dos acervos que ficaram em deposito. Estando sempre aberto a doações de livros.




O objetivo do Clube do Livro é incentivar o hábito da leitura, trocar idéias , encontros para estudos, promover expressão cultural da comunidade, palestras de conscientização do benefícios da leitura. A biblioteca prevê catalogação e guarda de documentos históricos e outras produções artísticos cultural, visando resgate e preservação do patrimônio histórico e cultural de Manaus.


O Clube do Livro tem dois projetos que estão em andamentos, porém precisam de apoio para concretizar.
1º Resultados esperados para 2011.
- implantar o projeto CLUBE DA ARTE, onde deverá ter um espaço livre para apresentar ao publico a Arte e os Artistas do Amazonas, que os autores da arte poderão mostrar e expressar seu talento. A possibilidade de abrir uma nova biblioteca no Bairro da Cidade Nova e na comunidade indígena das novas tribos. Uma sala para exposição e palestras de conscientização. Dentro desse espaço poder oferecer ensino do balé clássico  onde as pessoas que não podem pagar o custeio de uma escola convencional possam adquirir essa arte, através do programa, esse seria o segundo projeto  o CLUBE DA DANÇA.

Contatos: 55-92-8111-3278
Endereço: Av. Codajás, 546 – Cachoeirinha
Cep: 69065-130 Manaus/Amazonas/Brasil

Queila Tavares

Fonte : Sra. Janel Parga/ material histórico do Clube do Livro.
fotos: Queila Tavares

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Fio de Vida


Já fiz mais do que podia
Nem sei como foi que fiz.
Muita vez nem quis a vida
a vida foi quem me quis.


Para me ter como servo?
Para acender um tição
na frágua da indiferença?
Para abrir um coração


no fosso da inteligência?
Não sei, nunca vou saber.
Sei que de tanto me ter,
acabei amando a vida.


Vida que anda por um fio,
diz quem sabe. Pode andar,
contanto (vida é milagre)
que bem cumprido o meu fio.


Thiago de Mello

Sentimento do Mundo


Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.
Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer
esse amanhecer
mais noite que a noite.


Carlos Drummond de Andrade

O Ciúme



Agora, que ninguém vos interrompe,
Lágrimas tristes, inundai-me o rosto,
Mais do que nunca assim o quer meu Fado.
Enquanto o gume de mortal desgosto
Me não retalha os amargosos dias,
Debaixo destas árvores sombrias
Grite meu coração desesperado,


Meu coração cativo,
Que só tem nos seus ais seu lenitivo.
Alterosas, frutíferas palmeiras,
Vós, que na glória equivaleis aos louros,
Vós, que sois dos heróis mais cobiçadas
Que áureos diademas, que reais tesouros,
Escutai meus tormentos, meus queixumes,
Meus venerosos, infernais ciúmes,
Ouvi mil penas, por Amor forjadas,
Mil suspiros, mais tristes
Que todos esses, que até'qui me ouvistes.


Aqueles campos, aprazíveis campos,
Que além verdejam, de meu mal souberam
A desgraçada mas suave origem;
Ali de uns olhos os meus ais nasceram,
Ali de um meigo, encantador sorriso,
Que arremeda o sereno paraíso,
Brotaram mil infernos, que me afligem,
Que as entranhas me abrasam,
Que meus olhos de lágrimas arrasam;


Ali de uns lábios, onde as Graças brincam,
Ouvi suspiros, granjeei favores,
Ali me disse Anarda o que eu não digo;
Ali, volvendo os ninhos dos Amores,
Cravou nesta alma, para sempre acesa,
As perigosas frechas da beleza;
Ali do próprio mal me fez amigo,
Ali banhou meu rosto
Parte do coração, desfeita em gosto,


Novas campinas testemunhas foram
De nova glória, de maior ventura,
Tal, que julguei, logrando-a, que sonhava.
Entre as doces prisões da formosura,
Entre os cândidos braços deleitosos,
Meus crestados desejos amorosos
No alvo rosto, que o pejo afogueava,
No néctar... Ah! Que eu morro,
Se em vós, furtivos êxtases, discorro.


Amor! Amor! Teus júbilos excedem
Da loira abelha os engenhosos favos,
Mais gratos são, que as flores, teus sorrisos.
Gostei todos os bens que aos teus escravos
Fazem tão leve a rígida cadeia,
Tão doce a chama, que no peito ondeia;
Mas oh! Cruéis teus dons, cruéis teus risos,
Princípio do tormento,
Que já me tem delido o sofrimento.


Miserável de mim! Qual o piloto,
Que lera nos azuis, filtrados ares
Indícios de uma sólida bonança,
E eis que vê de repente inchar os mares,
Vestir-se o céu de nuvens, donde chove
O fogo vingador, que vibra Jove,
Tal eu, quando supus mais segurança
No meu contentamento,
O vi fugir nas asas de um momento.


Anarda, Anarda pérfida, teus olhos,
Onde Amor traz escrita a minha Sorte,
Teus mimos por mim só não são gozados!
Oh desesperação, pior que a morte!
Oh danados espíritos funestos,
De hórridos vultos, de terríveis gestos,
Moderai vossa queixa, e vossos brados,
Que as penas do profundo
Também, também se encontram cá no mundo.


Ver outro disputar-me o caro objecto,
Em cujas lindas mãos pus alma e vida,
Não me arranca suspiros: o tormento,
Que no peito me faz mortal ferida,
O maior dos tormentos, ó perjura,
É ver que de outrem sofres a ternura,
É ver que dás calor, que dás alento
A seus mimos e amores
C'um riso, percursor de mil favores.


Tu não foges de mim, tu não te esquivas
Destes olhos, que em ti cativos andam;
Delícias, onde pasma o pensamento,
Doces instantes meu ciúme abrandam;
Mas ah! Não é só minha esta ventura,
Meu vaidoso rival a tem segura.
Que indigna variedade! Em um momento
Teus olhos inconstantes
Acarinham sem pejo a dois amantes.


Honra, virtude, agravo e desengano
Me gritam n'alma que sacuda os laços,
Que tanto sofrimento é já vileza.
Oiço-os, protesto desdenhar teus braços,
Protesto, ingrata, converter meus cultos
Em mil desprezos, irrisões e insultos;
Mas ah protestos vãos! Baldada empresa!
Sou a amar-te obrigado:
Não é loucura o meu amor, é Fado.


Canção, vai suspirar de Anarda aos Lares;
Mas se não lhe firmares
O instável coração, deixa a perjura,
E iremos sossegar na sepultura.

Bocage

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Inútil Luar



É noite. A Lua, ardente e terna, 
Verte na solidão sombria 
A sua imensa, a sua eterna melancolia . . . 
Dormem as sombras na alameda 
Ao longo do ermo Piabanha. 
E dele um ruído vem de seda Que se amarfanha . . . 
No largo, sob os jambolanos, 
Procuro a sombra embalsamada. 
(Noite, consolo dos humanos! Sombra sagrada!) 
Um velho senta-se ao meu lado. Medita. 
Há no seu rosto uma ânsia . . . 
Talvez se lembre aqui, coitado! 
De sua infância. Ei-lo que saca de um papel . . . 
Dobra-o direito, ajusta as pontas, 
E pensativo, a olhar o anel, Faz umas contas . . . 
Com outro moço que se cala, 
Fala um de compleição raquítica. 
Presto atenção ao que ele fala: 
— É de política. Adiante uma senhora magra, 
Em ampla charpa que a modela, 
Lembra uma estátua de Tanagra. 
E, junto dela, 
Outra a entretém, a conversar: 
— "Mamãe não avisou se vinha. 
Se ela vier, mando matar uma galinha." 
E embalde a Lua, ardente e terna, 
Verte na solidão sombria A sua imensa, a sua eterna Melancolia . . . 


Manuel Bandeira

Oração do Poeta


Palavra nossa de cada dia nos daí  hoje uma linda poesia,
Uma rima todo dia, um sorriso a quem ler um poema ao fim do dia.
Daí nos inspiração e tira todo egoísmo.
Não perdoarei os erros gramaticais, assim como nossos professores não perdoam.
Livrai-nos do pleonasmo vicioso, e de todo plágio.


Amém


 Queila Tavares

Fases - Filhote de Passarinho




 
 fizeram um ninho no chão,

 
 depois de algumas semanas,
esperando a mãe
para alimentá-lo.
fotos Elca Tavares

Arte de Amar


Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. 
A alma é que estraga o amor. 
Só em Deus ela pode encontrar satisfação. 
Não noutra alma. 
Só em Deus — ou fora do mundo. 
As almas são incomunicáveis. 
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. 
Porque os corpos se entendem, mas as almas não. 



Manuel Bandeira

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Adeus, meus Sonhos!



Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto...
E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?!... morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

Alvares de Azevedo

A Morte dos Outros



A morte alheia tem anedota
que prende o morto ao dia-a-dia,
que ainda o obriga a estar conosco
já morto, ainda aniversaria.
Só que não vamos pelo morto:
Queremos ver a companheira,
a mulher com que agora vive;
comprá-la, de alguma maneira.
Dizer-lhe: do marido de hoje
mais do que amigos fomos manos;
para que, amiga, salte um nome
de seu preciso livro Quandos.

João Cabral de Melo Neto

Bucólica



Agora vamos correr o pomar antigo
Bicos aéreos de patos selvagens
Tetas verdes entre folhas
E uma passarinhada nos vaia
Num tamarindo
Que decola para o anil
Árvores sentadas
Quitandas vivas de laranjaz maduras
Vespas

Oswald de Andrade

EU QUERO



Eu quero à doce luz dos vespertinos pálidos
Lançar-me, apaixonado, entre as sombras das matas
_ Berços feitos de flor e de carvalhos cálidos
Onde a Poesia dorme, aos cantos das cascatas...
Eu quero aí viver _ o meu viver funéreo,
Eu quero aí chorar _ os tristes prantos meus...
E envolto o coração nas sombras do mistério,
Sentir minh'alma erguer-se entre a floresta de Deus!
Eu quero, da ingazeira erguida aos galhos úmidos,
Ouvir os cantos virgens da agreste patativa...
Da natureza eu quero, nos grandes seios túmidos,
Beber a Calma, o Bem, a Crença _ ardente a altiva.
Eu quero, eu quero ouvir o esbravejar das águas
Das asp'ras cachoeiras que irrompem do sertão...
E a minh'alma, cansada ao peso atroz das mágoas,
Silente adormecer no colo da solidão...

Euclides da Cunha[1883]