sábado, 11 de junho de 2011

Lágrimas Ocultas





Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas, 
Parece-me que foi numa outra vida...


E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas 
E cai num abandono de esquecida!


E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago 


O meu rosto de monja de marfim...


E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim!


Florbela Espanca

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