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sábado, 11 de junho de 2011

Lágrimas Ocultas





Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas, 
Parece-me que foi numa outra vida...


E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas 
E cai num abandono de esquecida!


E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago 


O meu rosto de monja de marfim...


E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim!


Florbela Espanca

domingo, 29 de maio de 2011

AMAR



Eu quero amar, amar perdidamente! 


Amar só por amar: aqui...além...mais este e aquele, o outro e toda a gente.. 
Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente! 
Prender ou desprender? É mal? É bem? 
Quem disse que se pode amar alguém 
durante a vida inteira é porque mente. 
Há uma primavera em cada vida: 
é preciso cantá-la assim florida, 
pois se Deus nos deu voz foi pra cantar 
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada 
que seja minha noite uma alvorada, 
que me saiba perder...pra me encontrar...


Florbela Espanca